Há 79 anos, a 6 e a 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos da América (EUA) lançaram duas bombas atómicas sobre as populações das cidades de Hiroxima e Nagasáqui, provocando a morte imediata de muitas dezenas de milhares de pessoas e a de muitas outras nos dias, meses e anos seguintes. Os efeitos da radiação fazem-se sentir ainda hoje, como é evidenciado pelas elevadas taxas de malformações e doenças oncológicas que ali se continuam a registar.
Nada justificava tal bombardeamento criminoso. A Segunda Guerra Mundial já tinha terminado na Europa. O Japão estava em vias de capitular incondicionalmente. A guerra iria acabar por completo em pouco tempo. O único propósito desse crime contra a Humanidade foi o de mostrar ao mundo o poder imbatível dos EUA de então, um poder a que todos, em especial a União Soviética (URSS), deviam submeter-se sob pena de passarem por igual tragédia. Foi um crime deliberado, inserido na estratégia dos EUA para a conquista da supremacia mundial no período pós-guerra.
Manter viva a memória desses acontecimentos é de crucial importância para que os povos não permitam que tal horror jamais se repita.
Essa preservação da memória é também parte fundamental da permanente e incansável luta pela paz e pela abolição das armas nucleares, que é tão antiga como a existência dessas mesmas armas. Uma luta ainda mais decisiva em tempos como o nosso, em que a mentira e a propaganda belicista são amplamente difundidas.
Uma explosão nuclear resultaria na morte imediata de todos quantos se encontrassem num raio de vários quilómetros da zona do impacto, ao gerar temperaturas de vários milhares de graus celsius e ventos com velocidades superiores a 1000 km/h: o resultado é a formação de tempestades de fogo de enorme poder destrutivo que varrem tudo à sua passagem.
Na atualidade, uma guerra nuclear, que nunca seria circunscrita a um território específico, além das mortes imediatas que provocaria, teria efeitos duráveis sobre o ambiente, conduzindo a alterações globais catastróficas no plano da meteorologia, que poderiam persistir por vários anos. Como é sublinhado por diversos cientistas, as alterações meteorológicas associadas ao chamado inverno nuclear reduziriam a duração ou eliminariam os períodos férteis de crescimento das plantas durante anos, levando a maior parte dos seres humanos e outras espécies animais a sucumbir à fome.
Pela dimensão e potência dos atuais arsenais nucleares, uma guerra nuclear não se limitaria a repetir o horror de Hiroxima e Nagasáqui, antes o multiplicaria, pondo em risco a própria sobrevivência da Humanidade.
O Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) confia que, apesar de toda a desinformação e manipulação, os povos tomarão consciência da séria ameaça que representam as atuais escalada armamentista, incluindo as armas nucleares, e apologia do militarismo e da guerra.
O CPPC confia que a aspiração dos povos à paz prevalecerá sobre os promotores da guerra, sobre os interesses do complexo industrial-militar e de todos quantos são indiferentes e ganham com a morte, o sofrimento, a destruição que a guerra comporta.
O CPPC considera da maior importância o envolvimento de todos os defensores e amantes da paz, dos democratas, independentemente de diferenças políticas, de crença religiosa ou outras, para o sucesso dessa luta.
Neste sentido, relembrando e prestando homenagem a todas as vítimas de Hiroxima e Nagasáqui e honrando a luta daqueles que, em Portugal, foram presos e torturados, durante o fascismo, por defenderem a paz e a abolição das armas nucleares, apelamos a que se juntem a nós neste importante combate, nomeadamente através da assinatura da petição “Não às Armas Nucleares! Pela adesão de Portugal ao Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares!”, para que Portugal assine e ratifique este tratado.
Apenas com o desarmamento geral, simultâneo e controlado – nomeadamente a abolição das armas nucleares – consagrado na Constituição da República Portuguesa, será possível caminhar ativamente para um país e um mundo mais seguro, de paz e cooperação.
A petição pode ser assinada em: https://shorturl.at/BgasT
A Direção Nacional do CPPC
6-09-2024